domingo, 27 de outubro de 2013

A Gente Só Se Acha Na Bagunça

a gente só se acha na bagunça´´´~´´´´
fuça fuça
tira a carapuça
a gente só se acha na bagunça
cadê o All Star do pé esquerdo
a palmilha do pé direito
o cadarço ficou no embaraço
do rotor da lavadora
e agora onde está o meu pente
ontem mesmo ele estava rente
ao bolso traseiro do meu jeans
cadê a minha caneta
e a pequena caderneta
sem elas como escreverei
versos pelas ruas
debaixo das árvores
roubando o seu olhar
numa adorada fotografia
fuça fuça
tira a carapuça
a gente só se acha na bagunça
onde está o molho de chaves
e agora como vou abrir
a porta do escritório
o portão de casa
o cofre cheio de contas
o baú que eu tento esquecer
como eu vou abrir
tudo o que me prende
tudo o que cativa
e tudo o que já se arrepende
fuça fuça
tira a carapuça
a gente só se acha na bagunça


C.R.G



Olhar Flor e Bailarina

como um olhar pode enganar
pode mudar todo um cenário
pode arrumar e desarrumar todo um jardim
quando bati os meus olhos
juro que eu vi uma bailarina
antes que a minha retina me condenasse
e eu pagasse pétala por pétala
o meu petulante olhar
e todos os outros sentidos
que me trouxeram mais
muito mais que o perfume
e o desabrochar
como um olhar pode se enganar
mais que uma flor
eu vi um balé de sonhos girar

C.R.G


Fotografia Izabel demarchi

Primavera

embaixo
no alto
em toda esfera
a primavera
se apodera
vejo um jardim dourado
sobre o telhado
e no plano ondulado
ajeitam-se as pétalas
e espetam galhos

C.R.G


Primavera, pelos telhados do mundo.

POLVILHO

A POESIA ESTÁ NA RUA
NA PELE CINZA DO ASFALTO
NA ZEBRA DAS FAIXAS DE PEDESTRES
NOS OLHOS TRANSTORNADOS DOS TRANSEUNTES
NOS TRÊS OLHOS DOS SEMÁFOROS
NOS FARÓIS ALTOS DOS ALUCINADOS AUTOS
NOS LAY-0UTS QUE SE PROJETAM
ANÚNCIOS APELOS PRENÚNCIOS
A POESIA ESTÁ NA RUA NUA VADIA
LADRANDO MIANDO NOS MEANDROS MADRIGAIS 
A POESIA ESTÁ NA RUA
ESTÁ NA SUA MELANCOLIA
ESTÁ NA SUA EUFORIA...
A POESIA ESTÁ NA RUA EM CADA PASSO
EM CADA BÊBADO QUE VOCÊ CRIA
EM CADA SARJETA QUE VOCÊ ABRAÇA


C.R.G

Escrita

não é restrita
a mão de um poeta
enquanto o cérebro
nuvens de neurônios
burila cada palavra
os seus dedos
desprovidos de medos
seguram o instrumento de escrita
para lapidar e transformar em tinta
cada uma delas
Tudo o papel aceita
bela caligrafia ou respingos
todos os olhos
doces ou cruéis até analfabetos
que podem não entender o texto
mas nos símbolos criar desenhos
e transpor os seus sonhos


C.R.G



"escrita"

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Marina Lima

m link.

BAMBUZAL

foto de José Roberto Orquiza.
UM BAMBUZAL
FEITO VITRAL
TÃO NATURAL
QUE REFLETE
TODAS AS CORES
DA FLORA
E EXPLORA
TODAS AS TONALIDADES
UM FEIXE SÓLIDO
CAPAZ DE ABRIGAR
OUTRAS PLANTAS
UM BAMBUZAL ENCANTA
FEITO JOGO GIGANTE
DE VARETAS
DA INFÂNCIA
 
 
C.R.G
 
 
 

METRÓPOLE

foto de Izabel Demarchi.
METRO A METRO
LHE PERSIGO
METRÓPOLE ABRIGO
MARCO PAULISTANO
ONDE A PRAÇA DA SÉ
ENTRE EDIFÍCIOS
DE ELEVADORES ANTIGOS
COM AS SUAS PORTAS RENDILHADAS
E AS SUAS LOJAS APILHADAS
DENTRO E FORA DAS CALÇADAS
DISPUTADAS
EM GRITOS PALAVRAS ÁVIDAS
A PRAÇA DA SÉ RESISTE
MAIS DO QUE A FÉ
PELOS BARES BAZARES
ENTRE PASSOS APRESSADOS
E DISTRAÍDOS
CELULARES FURTADOS OU CAÍDOS
ENTRE TROMBADÕES E MENDIGOS
A IGREJA A MATRIZ SEGUE IMPONENTE
E SEMPRE LINDA PARA UM FOTÓGRAFO
SEJA LÁ A CÂMERA ARTIFÍCIO
DIGITAL OU LAMBE LAMBE
NÃO SE ACANHE POIS DE BAIXO OU DE CIMA
NO SUBTERRÂNEO OU NA SUPERFÍCIE
EM QUALQUER ÂNGULO
ELA É LINDA E AO TEMPO RESISTE
E MESMO O CÉU POLUÍDO
TODA ESSA POROSIDADE POROCIDADE
NÃO TIRA ESSE ENCANTO
 
 
C.R.G
 
 
 
Fotografia Izabel demarchi
 
 

Olhar Felino

Olhar Felino

Nada pode ferir
o meu destino
tenho sete vidas
para viver
muito tempo
para percorrer
beirais de janelas
varandas e muros
além dos telhados
que imploram os meus miados
quando não ouvem os sons
de uma chuva...
Nada pode ferir
meu felino destino
jamais serei pardo a noite
e sempre sagaz
ninguém será capaz
de me pegar
eu sei arranhar
me defender
jamais ser tamborim
Nada pode ferir
confundir e iludir
o olhar de um gato
quando ele para
e contata a natureza
alinha seus bigodes antenas
eriça os seus pelos
esquece a preguiça
e atiça o outro lado
de quem quer vê-lo
Um gato enfeitiça
qualquer novela ou novelo

(Roberto Gutierrez)
 

Navegar é preciso

a foto de Izabel Demarchi.
navegar é preciso
viver não é preciso
uma frase batida pessoa
e tão sempre atual
como a manchete do jornal
navegar é preciso
e como!
navegar em um sonho
ou no mar turbulento da realidade
navegar num barquinho de papel
num barquinho bossa nova
ou numa improvisada
barca de folha de flandres
antes lata de sardinhas
que há pouco estava lotada
como um vagão de subúrbio
trepidando na férrea linha
e agora vazia e brilhante
abre a boca tão sorridente
expõe a sua face aliviada
prá sorver toda a paisagem
 
 
C.R.G
 
 
Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
"Navegar é preciso; viver não é preciso".
F. Pessoa♥

Fotografia Izabel Demarchi.
 
 

CRUSCIFICA

"Em cruz se fica"

Cada um na sua arapuca
crucifica-se
ideia fixa
ou em cruz na "ilha"
e nada na praia
encruzilhada
cruz credo
não arredo
da minha vulnerabilidade
Peço para Pessoa emprestado
um heterônimo adequado.

by Roberto Gutierrez
 
 

Escada Chaplin

foto de Revista Ellenismos.
"Acho que foi minha inaptidão para o diálogo que gerou o poeta. Sujeito complicado, se vou falar, uma coisa me bloqueia, me inibe, e eu corto a conversa no meio, como quem é pego defecando e o faz pela metade. Do que eu poderia dizer, resta sempre um déficit de oitenta por cento. E os vinte por cento que consigo falar não corresponde, senão ao que eu não gostaria de ter dito, – o que me deixa um saldo mortal de angústia. Mesmo desde guri, no colégio, descobri essa barreira em mim, que não posso vencer. Sou um bom escutador e um vedor melhor. Mas só trancado e sozinho é que consigo me expressar. Assim mesmo sem linearidade, por trancos, por sugestões, ambíguo – como requer a poesia."

"A incapacidade de agir também me mutila. Sou pela metade sempre, ou menos da metade. A outra metade tenho que desforrar nas palavras. Ficar montando, em versos, pedacinhos de mim, ressentidos, caídos por aí, para que tudo afinal não se disperse. Um esforço para ficar inteiro é que é essa atividade poética. Minha poesia é hoje e foi sempre uma catação de eus perdidos e ofendidos."

"Enquanto o mundo parir uns tipos hipobúlicos feito, por exemplo, Fernando Pessoa, resguardados pela timidez e incapazes de uma ação – as palavras não morrerão. Essas criaturas não têm outra forma de ação que em cima das palavras. Obsessiva e sadicamente as trabalha, dobrando-as até seus pés, arrastando-as no caco de vidro, até que elas sejam eles mesmos. Até que elas deem testemunho da presença deles no mundo. Quase sempre criaturas que nascem repositórios de chão e de estrelas, só sabem fabricar poesias com palavras. E ainda outras que moram ruínas viçosas por dentro, se agarram nas palavras para sobreviver."

- Manoel de Barros.

[FOTOGRAMA: 'City Lights', Charles Chaplin, 1931]
 
 

Espirais

foto de TonhOliveira Oliveira.
espirais de pensamentos
livres para captar o momento
e dar um tempo a todos os sentidos
olhos em alerta
ouvidos sem ruídos
nariz não poluído
boca fechada
para não entrar mosquitos
face feita aeroporto tranquilo
esperando o retorno
dos balões
cheios de novas ideias
e quase desprovido de vento
cortante e ignorante
da produtiva brisa
 
C.R.G
 
 

RAIO

foto de Nelson de Souza.
um raio
assusta
qualquer raio
assusta
faz tremer
provoca pânico
desmaios
raios
riscando o céu
raios ultra violetas
lembranças do recente sol
que o entardecer conserva
um raio
assusta
não arrisque
a sua trajetória
é surpreendente
causa admiração
pelo brilho
mas sempre assusta
e ainda tem o poder
de desfazer uma promessa
uma jura
quando a frustra
ao cair justamente na cabeça
de quem prometeu
 
 
C.R.G



Em das minhas janelas.
 
 

NOEL

"É não é
que é o Noel mesmo
o Noel da Vila Izabel
o Noel Rosa
todo prosa
e poesia
daqueles tempos
da arca de Noé
da boemia
da lapa das mulatas
das gafifas
dos botequins
compondo noites sem fim
com a sua camisa listrada
seu chapéu fiel
e o cigarrinho amigo
no canto da boca
e não é
que é o Noel mesmo
vivendo ao extremo
a vida breve
os longos romances
e não dando chance
de vê-lo velho."
 
 
C.R.G
 
 

SARAU

foto de Cristina Ohana.
SARAU

Nada é igual
Nada se compara
a um sarau
a tarde no vespertino
na noite que vara
sem destino
ao som e sabor dos versos
na luz da lua
e no brilho do assoalho
da sala de estar
onde cadeiras ovais
são mais do que cadeiras
que servem aos corpos exaustos
são esteiras das próprias almas
e na lateral um piano
espera a sua vez
de tocar
de versejar em sons
Nada é igual
à presença real
de pretensos poetas
num sarau
na saraivada de versos
que faz o ambiente se agitar
até despertar o lustre
lá em cima ainda fora da fotografia
 
 C.R.G
 



bolando um sarau
 
 
 

Yayoi Kusama - Obsessão INfinita

foto de CCBB Rio de Janeiro.
Obrigado Dani! esperava por essa postagem!
Prontos para fazer parte do infinito de Kusama?

Nesta instalação a sua imagem é refletida pelo jogo de espelhos e o piso coberto de água. São milhares de pontos cintilantes a envolvê-lo.

Quarta a segunda, das 9h às 21h - Entrada Franca
— 
 
 

Idas e Vindas

foto de After.
idas e vindas
luzes e sombras
o acolher
e a despedida
tudo vai e vem
como um trem
sobre os trilhos
como alguém
numa trilha
a luz preenche
uma diagonal
enquanto a outra
imersa em sombras
espera o seu tempo de luz
chegar
Depois que se parte
no abate do rosto
no esquartejar das horas
no tempo íntimo em combate
no descarte de uma fugaz imagem
é que temo a exata dimensão
de tudo o que foi
e do que poderia ser
Depois que se reparte
nos trilhos e vagões
e se debate em curvas
e outras sinalizações
podemos sentir
o corpo viagem
o olho paisagem
o peso bagagem
de existir
 
 
C.R.G
 
 
 
© Гордеев Эдуард — com Mariana Rivera e outras 5 pessoas.
 
 

LAÇO

a foto de Helena Terra.
um laço
é sempre um laço
não importa o tamanho
um laço
é sempre um abraço
forte ou frágil
frouxo ou apertado
um laço pode ser
até mesmo um lapso
no momento
de fazer e desfazer
um laço
é sempre um laço
quem entra na fita
sabe muito bem
um laço
para o que convém sustentar
um laço de papel
ou de pano
depende o que se pretende
se for para o presente
seda ou cetim
se for para o passado
pode ser de celofane
mais fácil de abrir
e se for para o futuro
não hesite
use plástico
para o tempo ficar mais elástico
e o laço resistir
 
 
C.R.G
 
 
 
Mari, tive de trazer para você ver a amarração dessa camisa. Olha que efeito bonito Vou procurar se tem foto das costas. Beijos
 
 
 

Poeminha de uma Palavra Só

Uma paródia...

Eis aqui este poeminha feito numa palavra só.
Outras palavras vão entrar, mas a base é uma só.
Esta outra é conseqüência do que acabo de dizer.
Como eu sou a conseqüência inevitável de você.
Quantas palavras existem por aí
que falam tanto e não dizem nada
É melhor juntar as letras e sintetizar as frases
e encontrar a palavra que salva e aconchega
que tal abraços entre consoantes e vogais
mesmo que não sejamos iguais
um abraço lembra laço
um laço lembra encontro
e chega de saudade!

Flerte

a foto de José Roberto Orquiza.
fosse o espocar das rolhas
a incompatibilidade das folhas
os olhos múltiplos de maracujá
os lábios molhados e ávidos de tangerina
a violeta lingerie na noite tropical
o escorrer de desejos
a face que deixo imune
a pele não repele não pune
o flerte das cores e luzes
o toque carícia
malícia sem remorsos
o sonho ambíguo
desenrolando o cordão umbilical
a tangerina se sentindo sol
e o maracujá um analgésico
e a folha uma esmeralda
e a púbis rubi
e a violeta lingerie
toda uma rede que amortece
os mais insólitos desejos
fosse o espocar das rolhas
espumantes mistérios
 
 
C.R.G
 
 
 

Saltam-me aos Olhos

Saltam-me aos meus olhos
a sua presença sensível e sutil
e sem o refil das lentes Ray Ban
posso contemplar em você um imenso jardim

Saltam-me aos meus olhos
a sua rosa presença
muito mais poesia do que prosa
que deixa em polvorosa os meus versos


Solta-se a cartola da minha cabeça
ela também por você se encantou
e voou ...voou...oh

pétala a pétala
sem zicas e pragas
o meu coração se faz soneto cravo
 
 
 
 
 
C.R.G
 
 
 
 
 
 
 

Bob Dylan

foto de Dylanesco.
Faz ilustrações? Então participe do concurso para homenagear Bob Dylan (e até ganhar um $$$!): http://bit.ly/16mJyAh
 

Revista Agulha

link via Daniela Lima

Poesia em Pessoa

foto de Roberta Tostes Daniel.
poesia em pessoa
 
 
Carioca de nascimento, mineira de paixão, cabofriense por uns nove anos. Nascida em 24/12/1981, sob o signo de capricórnio, lua não sei de que, e ascendente em áries. Filha de Marisa Tostes e Guilherme Daniel, carrega nas veias menos o sangue de filha que a herança emocional dos pais. Sabe-se que Guilherme foi poeta, radialista e homem bonito... e que faleceu em 1987. À mãe, coube a tarefa de cuidar de seus dois filhos e amá-los de maneira incondicional. Ah, sim! a menina Roberta, cognominada desde cedo Beta, tem um irmão mais velho que adora rir bem alto e fazer poesia: Teofilo que, como o próprio nome indica, deve ser amigo íntimo de Deus. Sabe-se ainda que Roberta nasceu fadada às letras, e que delas retira seu frescor, e também seu pranto. Adora longos passeios de bicicleta, fim de tarde, declarações de amor, pipoca, só com cinema, e, claro, os poemas de Manoel de Barros. Seus livros preferidos são os de Clarice Lispector, Raduan Nassar, Caio Fernando Abreu e Fernando Pessoa. Ama os pássaros, as borboletas, e os velhos. A uma borboleta (ou a um pássaro) ela dará vida, no dia em que tatuá-la na pele. Muito recentemente leu "Os Sofrimentos do Jovem Werther" e, por isso, se for chamada de Charlotte, Lotte, ou Lolotte, pode até ser que ela atenda. Anda querendo ampliar sua bagagem literária porque sabe que leu muito pouco até hoje. Vive pelas letras. Suas e alheias. Metade dela é corpo, a outra, é palavra. Estudante de Jornalismo, ingressou na UFRJ, trancou matrícula em decorrência de uma depressão severa, e agora, não plenamente recuperada, vê a vida com cores de sertão. Tem nas mãos todo tempo do mundo; quer um segundo apenas. Espera melhores condições de estudo. Espera melhores condições de vida. Espera demais. Sua música preferida é a do momento. Os momentos mais marcantes de sua vida foram a morte do pai, a do avô, e, por fim, a descoberta de que sua afetividade sempre foi muito mais complexa do que supunha. Em 2001 passou a acreditar no que escrevia. Quer aprender todas as línguas; ser passarinho, pelo menos por um dia; ver seu rosto sem precisar de espelho; ler tudo o que já foi escrito até hoje; conhecer Maria Madalena, e outras personalidades bíblicas. Se tiver um filho dará a ele o nome do pai. Se for mulher, será bailarina. Não pretende se casar. Tem intenções artísticas não moldadas, como suas palavras, que não se emolduram em ornato algum. Gosta do fascínio que o cinema lhe exerce. Não sabe dançar. Mas dança. Não sabe cantar. Mas canta, ainda que no chuveiro. Amou sempre menos do que foi amada. Exerce uma espiritualidade própria, mas não tem religião. Foi fortemente influenciada pelo espiritismo. Conhecer Paris é uma de suas finalidades óbvias. É propensa à solidão e à melancolia. É propensa ao amor.
 
 
 

Nostalgia

foto de Heloiza Averbuck.
nostalgia
não tem folhas
que a levem
ela fica e finca
raízes na memória
nostalgia
nós nos frágeis galhos
do que foi frondosa árvore
nostalgia
e toda a alergia
contra a semente
do presente
e a frustração
de não haver mordido
o fruto proibido
do passado
 
C.R.G


CROMOTERAPIA

foto de Meninas para sempre.
cromoterapia

cores
em profusão
em cromos
em gomos
pessoas
gnomos
em flores
em casas
de alvenaria
ou de barro
cores
no alto
no céu
cores embaixo
no chão
cores
que atravessam
portas e janelas
olhos
fechaduras
orifícios
flancos
brancos de esquecimento
e negros temores
cores
harmonia
confusão
no espalhar
do olhar
no espelhar
da paisagem
no espirrar
das bisnagas
no esparramar
da paleta
 
 
C.R.G



"Gosto das cores, das flores, das estrelas, do verde das árvores, gosto de observar. A beleza da vida se esconde por ali, e por mais uma infinidade de lugares, basta saber, e principalmente, basta querer enxergar."
-Clarice Lispector
______________________arte de Bryan Urki
— com Bryan Urki.